in: http://catedral2.weblog.com.pt/
Porque a loira se encontra a curtir (gozando os lucros do seu estrondoso sucesso editorial) e porque eu dei sumiço às dezenas de blogs que mantinha moribundos, pedi emprestado este cantinho à loira (que o cedeu em troca de inconfessáveis favores) para vir dar conta de um assunto que, muito embora siga para tribunal, exige, antecipadamente, alguns esclarecimentos e explicações.
Na edição de 22/02/2008 do jornal "Correio do Alentejo", a crónica mensal que aí assino fez referência à companhia de teatro Arte Pública e às Cartas abertas ao presidente da CMBeja, que se presumem ser da autoria de Gisela Canamero (dirigente da referida companhia). Nesse artigo de opinião trago à coacção o que efectivamente foi provado em tribunal sobre as irregularidades da associação Arte Pública (por isso reproduzo novamente aqui parte da sentença proferida: “[os artigos] alertam-nos para o facto de todos os dinheiros atribuídos, ao que deveria ser uma associação, estarem, de facto, a ser geridos por apenas três pessoas, sem possibilidade de intervenção de outras, nem controlo dos outros órgãos” (TCB, 2º Juízo, 15-07-2002, p. 12), teço considerações críticas sobre a relação subsídios recebidos pela companhia/natureza e meios das produções da mesma, e especulo sobre os motivos que estarão na base das tais cartas abertas. O que aí escrevo, à excepção do que são factos, é a minha opinião, sujeita a refutação e discussão, e tem o direito de rebatê-la e responder quem a considerar injusta.
Em situação alguma dessa crónica ponho em causa o bom nome, honra, consideração e dignidade pessoais de Gisela Canamero, em situação alguma a calunio, difamo, injurio, ou devasso e ofendo com insinuações torpes a sua vida pessoal, familiar, académica-profissional.
E o que Gisela Canamero fez em resposta à minha crónica foi isto que se pode ler aqui.
Um post inominável que não contraria uma sílaba do que escrevi na citada crónica do "Correio Alentejo", e que visa exclusivamente a minha pessoa através de um ataque infame e vergonhoso, do qual terá de prestar contas e prova noutra sede de julgamento.
Entre várias escarradelas e derrames de pus, Gisela Canamero achincalha e intenta objectivamente descredibilizar quer a minha condição de autor, quer a de "politólogo", implicando ligações familiares e políticas, denegrindo a minha honorabilidade artística e intelectual de forma gratuita, ofensiva e não fundamentada. E é isso que gostava de esclarecer aos que passaram os olhos por aquele pestilento post.
1. Tenho 21 (vinte e uma) peças de teatro escritas desde 1999. Duas delas já editadas em livros, e uma terceira a caminho disso. Desses 21 textos, todos eles levados à cena por diversos grupos de várias zonas do país, só 2 (dois) é que foram representados pelo Grupo de Teatro Lendias d´Encantar, e isso aconteceu apenas nos últimos 3 anos. Antes disso não tive qualquer colaboração com o referido grupo.
2. Como "politólogo" sou co-autor de um Manual Universitário (Ed. Univ. Aberta), tenho artigos publicados em revistas, diversas comunicações em encontros, jornadas e congressos, vários artigos de análise política publicados em jornais nacionais de referência, várias participações e intervenções em programas de televisão ("Opinião pública", "Grande plano", "Revista de imprensa").
E tudo isto aconteceu depois das "alegrias da docência" (que a Gisela C. quis, tão rasteiramente, misturar), ou seja, depois de um processo disciplinar relativo a alegados factos ocorridos em 2000/2001, em que sou condenado por (na perspectiva de uma inspectora) incumprir o "dever de correcção". Processo cujo recurso corre no tribunal administrativo, e cujos meandros serão devida e oportunamente divulgados após o resultado do recurso.
Mas fez bem a Gisela Canamero em recordar isso (os chamados "trunfos escandalosos", mas já os esgotou), que foi amplamente noticiado e publicitado. É coisa pública e conhecida, e sobre ela pode qualquer um formar opinião e juízo. Grande vantagem!! Eu agradeço até. Pois ou o desfecho foi justo e eu cumpro justamente a penalização, ou foi injusto e eu suporto essa injustiça.
Mas pior, muito pior, é a condição dos que vivem no inferno de um dia, por força de denúncias, queixas, vinganças, averiguações, sindicâncias, auditorias, alguém mexer na "porcaria" e trazer à superfície aquilo que aparentemente está bem guardado na sombra do que já "se esqueceu" e "ninguém deu por isso". Esses vivem em sobressalto, em estado de permanente medo e receio. Especialmente quando os telhados da sua vida sentimental-sexual, académica, financeira-"contabilística", associativa... metem água por todos os lados...
sábado, 1 de março de 2008
domingo, 7 de outubro de 2007
Burro, mas competente
foto: http://www.utopia-projectos.com/PENSAR.gif
Bernardo já veio ao mundo sobredotado. O seu corpo recém-nascido pesou sete quilos e duzentas e a pilinha dependurada levou uma enfermeira divorciada a pedir à mãe do Bernardo o seu número de telemóvel, com a desculpa esfarrapada de que era para acompanhar o desenvolvimento psico-motor da criança. Mas para além do excesso de peso e da extensão fálica, Bernardo cedo mostrou excepcionalidade noutras áreas, e na aurora dos seus dois anitos, convocou uma reunião de família para anunciar que queria ser físico nuclear e estudar nos Estados Unidos, nem que para isso tivesse de aplicar as economias dos pais num negócio de alto risco ou até candidatar-se a uma câmara municipal e negociar posteriormente com construtores civis. Os pais de Bernardo perceberam logo ali que tinham um filho especial e muito inteligente. E mais convencidos ficaram quando Bernardo, na celebração do seu quinto aniversário, escreveu uma carta ao director de finanças a propor a denúncia dos crimes fiscais do pai em troca de uma cópia de uma aplicação informática evoluída. O director das finanças não gostou da brincadeira, mas não foi por isso que deixou de confiscar alguns bens ao pai de Bernardo e fazer com que o mesmo Bernardo fosse o único sobredotado da margem sul a perder todos os dentes da frente tão prematuramente.
Desdentado mas tenaz, Bernardo viu a sua anterior corpulência e protuberância ser ultrapassada pela agilidade mental, a tal ponto de por volta dos dez anos se mostrar franzino e miúdo de artilharia, comparado com os colegas, mas incomensuravelmente mais esperto, o que lhe acalentou fundadas expectativas de um ajuste dentário com o pai em forma de acidente doméstico, e de um ajuste primata com o pai em forma de lhe papar a amante que ele tinha alugado num site de acompanhantes brasileiras. Diríamos, portanto, que Bernardo caíra na tentação de pôr a sua capacidade intelectual ao serviço da vingança mesquinha. E não tardou o dia em que o amaldiçoado pai veria o seu rebento de doze anos empoleirado ruidosamente na garupa da Dulcineia, três segundos antes do buraco da fechadura se ter transformado num embate de marreta angariador de todos os incisivos e mais alguns molares pelo caminho.
Porém, a vingança não foi consumada na plenitude. O pai ganhou platina nos maxilares, é certo, mas Dulcineia permaneceu com o número de setenta e três fornicadores que já tinha antes da tentativa do imberbe Bernardo. Foi enguiço previamente encomendado pelo cabrão do pai, pensou o pobre rapaz, ou não seria de admitir que, de tão devastadoramente inteligente, estivesse condenado ao atrofio da função sexual? Pelo sim pelo não, Bernardo arranjou maneira de acidentalmente regar o pai e a puta da Dulcineia com ácido clorídrico, antes de consultar um especialista em macumbices e um gay experiente que ensinava o evangelho, não fosse o caso de ser paneleiro. Mas o bruxo considerou-o imune e o padreco não se sentiu excitado, o que era motivo bastante de despreocupação. Todavia, o problema subsistia, pelo menos até novo empreendimento.
E havia de ser a Tatiana, empregada de limpeza ucraniana e prestadora de serviços delicados ao desfigurado pai do Bernardo, a ser chamada à prova de fogo. Nesta altura, Bernardo já tinha entrado nas catorze primaveras, já fazia o professor de matemática parecer um retardado, e já tinha o aparelho genital na forma adulta. Mas nada, Tatiana sentiu-se ofendida no seu brio profissional, e Bernardo, destroçado de frustração, não conseguiu isentar totalmente de culpa o pai, o que acabou por trazer a consequência de prostrar acidentalmente o progenitor numa cadeira de rodas. Tatiana não ficou com o cu em melhor estado, após o acidental recrutamento de um gang negro de Corroios.
Bernardo parou um bocadinho para pensar e facilmente descobriu que estava aí o busílis da coisa. Bernardo pensava demais, pensava em tudo excessivamente, e isso paralisava a sua virilidade e prendia-lhe os movimentos. Pensava na composição química dos sucos, pensava nas leis físicas da gravidade, da inércia e do atrito e outras tretas tais, sempre que o corpo da parceira se encontrava à disposição. Mas Bernardo era de grande tenacidade, como já referi, e, como acontece a tantos desgraçados, pôs a sua felicidade sexual à frente de uma promissora carreira de académico, gestor ou negociante de armas. Por isso, atirou-se de cabeça de um terceiro andar e, um mês volvido do coma, já consegue somar dois mais dois à terceira tentativa, enquanto satisfaz pessoas exigentes ao domicílio, sem pensar sequer se são mulheres ou outra coisa qualquer.
Bernardo já veio ao mundo sobredotado. O seu corpo recém-nascido pesou sete quilos e duzentas e a pilinha dependurada levou uma enfermeira divorciada a pedir à mãe do Bernardo o seu número de telemóvel, com a desculpa esfarrapada de que era para acompanhar o desenvolvimento psico-motor da criança. Mas para além do excesso de peso e da extensão fálica, Bernardo cedo mostrou excepcionalidade noutras áreas, e na aurora dos seus dois anitos, convocou uma reunião de família para anunciar que queria ser físico nuclear e estudar nos Estados Unidos, nem que para isso tivesse de aplicar as economias dos pais num negócio de alto risco ou até candidatar-se a uma câmara municipal e negociar posteriormente com construtores civis. Os pais de Bernardo perceberam logo ali que tinham um filho especial e muito inteligente. E mais convencidos ficaram quando Bernardo, na celebração do seu quinto aniversário, escreveu uma carta ao director de finanças a propor a denúncia dos crimes fiscais do pai em troca de uma cópia de uma aplicação informática evoluída. O director das finanças não gostou da brincadeira, mas não foi por isso que deixou de confiscar alguns bens ao pai de Bernardo e fazer com que o mesmo Bernardo fosse o único sobredotado da margem sul a perder todos os dentes da frente tão prematuramente.
Desdentado mas tenaz, Bernardo viu a sua anterior corpulência e protuberância ser ultrapassada pela agilidade mental, a tal ponto de por volta dos dez anos se mostrar franzino e miúdo de artilharia, comparado com os colegas, mas incomensuravelmente mais esperto, o que lhe acalentou fundadas expectativas de um ajuste dentário com o pai em forma de acidente doméstico, e de um ajuste primata com o pai em forma de lhe papar a amante que ele tinha alugado num site de acompanhantes brasileiras. Diríamos, portanto, que Bernardo caíra na tentação de pôr a sua capacidade intelectual ao serviço da vingança mesquinha. E não tardou o dia em que o amaldiçoado pai veria o seu rebento de doze anos empoleirado ruidosamente na garupa da Dulcineia, três segundos antes do buraco da fechadura se ter transformado num embate de marreta angariador de todos os incisivos e mais alguns molares pelo caminho.
Porém, a vingança não foi consumada na plenitude. O pai ganhou platina nos maxilares, é certo, mas Dulcineia permaneceu com o número de setenta e três fornicadores que já tinha antes da tentativa do imberbe Bernardo. Foi enguiço previamente encomendado pelo cabrão do pai, pensou o pobre rapaz, ou não seria de admitir que, de tão devastadoramente inteligente, estivesse condenado ao atrofio da função sexual? Pelo sim pelo não, Bernardo arranjou maneira de acidentalmente regar o pai e a puta da Dulcineia com ácido clorídrico, antes de consultar um especialista em macumbices e um gay experiente que ensinava o evangelho, não fosse o caso de ser paneleiro. Mas o bruxo considerou-o imune e o padreco não se sentiu excitado, o que era motivo bastante de despreocupação. Todavia, o problema subsistia, pelo menos até novo empreendimento.
E havia de ser a Tatiana, empregada de limpeza ucraniana e prestadora de serviços delicados ao desfigurado pai do Bernardo, a ser chamada à prova de fogo. Nesta altura, Bernardo já tinha entrado nas catorze primaveras, já fazia o professor de matemática parecer um retardado, e já tinha o aparelho genital na forma adulta. Mas nada, Tatiana sentiu-se ofendida no seu brio profissional, e Bernardo, destroçado de frustração, não conseguiu isentar totalmente de culpa o pai, o que acabou por trazer a consequência de prostrar acidentalmente o progenitor numa cadeira de rodas. Tatiana não ficou com o cu em melhor estado, após o acidental recrutamento de um gang negro de Corroios.
Bernardo parou um bocadinho para pensar e facilmente descobriu que estava aí o busílis da coisa. Bernardo pensava demais, pensava em tudo excessivamente, e isso paralisava a sua virilidade e prendia-lhe os movimentos. Pensava na composição química dos sucos, pensava nas leis físicas da gravidade, da inércia e do atrito e outras tretas tais, sempre que o corpo da parceira se encontrava à disposição. Mas Bernardo era de grande tenacidade, como já referi, e, como acontece a tantos desgraçados, pôs a sua felicidade sexual à frente de uma promissora carreira de académico, gestor ou negociante de armas. Por isso, atirou-se de cabeça de um terceiro andar e, um mês volvido do coma, já consegue somar dois mais dois à terceira tentativa, enquanto satisfaz pessoas exigentes ao domicílio, sem pensar sequer se são mulheres ou outra coisa qualquer.
sábado, 6 de outubro de 2007
Bia story
foto: http://www.yunphoto.net/mid/yun_2639.jpg
Bia nasceu burra como um pires de tremoços e feia como um escarro de tuberculoso, também nasceu com um olho para a merda e outro para o infinito, mas isto tudo são coisas, convenhamos, que não podemos imputar ao produto de tais fatalidades. Contudo, desde cedo somou àqueles infortúnios, digamos naturais, outros destrambelhos de personalidade onde se mostra abusivo culpar a mãe natureza ou as costas largas da hereditariedade. Falamos de sinais premonitórios de velhacaria adulta, como convencer os amigos de que era muito cristã, malgrado lhes rapinar as sandochas e os trocados no intervalo da catequese. Bia, agora mais asna do que um armário de parede e coreografando a sua fealdade tipo rapariga do exorcista já nas últimas, com um sensual andar de elefanta com três fracturas expostas em cada perna, mostrou bem cedo ao mundo que afinal a burrice e as parecenças com o Rui Bandeira podem livrar uma moça do suicídio prematuro, se na contabilidade da sobrevivência emergir um talento salvador. E ele existia, ainda brandinho e seminal, mas existia. E dava ares de se querer destacar por entre as sentenças da mais burra da escola ou da monstrenga mais assustadora da aldeia. Mas de que talento falamos, senhores? A arte da lambidela. Bia lambia como ninguém lambeu antes da Bia ter lambido a bandeira da juventude operária comunista por um impulso forte de identificação ideológica, logo depois desmascarado, aliás, mal foi conhecido o bolso cheio de rebuçados lá do rapaz líder operário do sítio. Aqui alguns vaticinaram, sem hesitar: putéfia na grande área a correr para a marca do penalty e a babar-se toda pelo caminho com um crachá comunista a pesar-lhe nas mamas, muito embora do comunismo Bia sentisse apenas familiar a cruz suástica, que por acaso até achava que dava as mãos muito bem com as suas cuecas de gola alta por causa dos pneus de fórmula um que assentavam nas suas ancas, agora num movimento muito mais sensual de bêbeda relaxada a fazer os cem metros barreiras.
Mas o que fazer? Lambia muito bem, pronto. Há quem dê em apanhar no cu, o que é uma variante mais dolorosa. Não é que Bia não oferecesse também o cu, na boa, mas o cu, como sabemos ou adivinhamos, é pretexto para muitas resistências, especialmente quando se apresenta a prestar, estalinisticamente, o culto da personalidade barbuda ao centralismo democrático do rego, e põe o mais desprevenido parceiro a tentar, em vão, não ver lá o rosto estampado do Fidel.
Havia a língua, pois então. No meio de uma boca deformada e adornada com todos os graves do histerismo vocal, mas havia língua, viscosa e porca, mas habilmente lambedora.
Bia cresceu, pois claro que cresceu, ficou mais feia, ainda mais mole e balofa, mais comunistamente equivocada em progressiva proporção ao seu dom lambedor. Lambia a torto e a direito e, porque não dizê-lo, em lucrativo proveito próprio. Conseguiu empregar-se, quando todos lhe auguravam as latrinas do quartel em part-time como o melhor dos ofícios; conseguiu a merecida recompensa do conselho operário local em forma de medalhamento por serviços lambidos à causa, conseguiu distinguir a foice e o martelo do facho ardente após curso doutrinário de longa duração.
Bia estava a vencer na vida, essa é que é essa, mas (há sempre um mas) quando tudo parecia um mar de rosas, no meio de uma passadeira vermelha outrora já lambida por si (pois naturalmente), havia de lá estar o cabrão de um prego espetado e afiado e a Bia, distraída como era, não reparou, coitada, e pisou-o. E fez sangue. Fez sangue no pezinho. Tirou a sandaloca e em fez de pedir ajuda médica e profissional junto de quem pode aconselhar sabiamente, digamos assim, não, foi-se a um degrau, arrumou as banhas para o lado, curvou-se toda quase a quebrar a espinha, e lá foi a puta da língua, maldito vício, lamber a sua ferida. Morreu.
Mas não foi uma morte qualquer, é que aquela língua tinha recolhido muito do pus que rebenta de inchaço ao longo das passadeiras. E morreu com a língua de fora, fazendo caretas à caricatura em que se transformou.
Bia nasceu burra como um pires de tremoços e feia como um escarro de tuberculoso, também nasceu com um olho para a merda e outro para o infinito, mas isto tudo são coisas, convenhamos, que não podemos imputar ao produto de tais fatalidades. Contudo, desde cedo somou àqueles infortúnios, digamos naturais, outros destrambelhos de personalidade onde se mostra abusivo culpar a mãe natureza ou as costas largas da hereditariedade. Falamos de sinais premonitórios de velhacaria adulta, como convencer os amigos de que era muito cristã, malgrado lhes rapinar as sandochas e os trocados no intervalo da catequese. Bia, agora mais asna do que um armário de parede e coreografando a sua fealdade tipo rapariga do exorcista já nas últimas, com um sensual andar de elefanta com três fracturas expostas em cada perna, mostrou bem cedo ao mundo que afinal a burrice e as parecenças com o Rui Bandeira podem livrar uma moça do suicídio prematuro, se na contabilidade da sobrevivência emergir um talento salvador. E ele existia, ainda brandinho e seminal, mas existia. E dava ares de se querer destacar por entre as sentenças da mais burra da escola ou da monstrenga mais assustadora da aldeia. Mas de que talento falamos, senhores? A arte da lambidela. Bia lambia como ninguém lambeu antes da Bia ter lambido a bandeira da juventude operária comunista por um impulso forte de identificação ideológica, logo depois desmascarado, aliás, mal foi conhecido o bolso cheio de rebuçados lá do rapaz líder operário do sítio. Aqui alguns vaticinaram, sem hesitar: putéfia na grande área a correr para a marca do penalty e a babar-se toda pelo caminho com um crachá comunista a pesar-lhe nas mamas, muito embora do comunismo Bia sentisse apenas familiar a cruz suástica, que por acaso até achava que dava as mãos muito bem com as suas cuecas de gola alta por causa dos pneus de fórmula um que assentavam nas suas ancas, agora num movimento muito mais sensual de bêbeda relaxada a fazer os cem metros barreiras.
Mas o que fazer? Lambia muito bem, pronto. Há quem dê em apanhar no cu, o que é uma variante mais dolorosa. Não é que Bia não oferecesse também o cu, na boa, mas o cu, como sabemos ou adivinhamos, é pretexto para muitas resistências, especialmente quando se apresenta a prestar, estalinisticamente, o culto da personalidade barbuda ao centralismo democrático do rego, e põe o mais desprevenido parceiro a tentar, em vão, não ver lá o rosto estampado do Fidel.
Havia a língua, pois então. No meio de uma boca deformada e adornada com todos os graves do histerismo vocal, mas havia língua, viscosa e porca, mas habilmente lambedora.
Bia cresceu, pois claro que cresceu, ficou mais feia, ainda mais mole e balofa, mais comunistamente equivocada em progressiva proporção ao seu dom lambedor. Lambia a torto e a direito e, porque não dizê-lo, em lucrativo proveito próprio. Conseguiu empregar-se, quando todos lhe auguravam as latrinas do quartel em part-time como o melhor dos ofícios; conseguiu a merecida recompensa do conselho operário local em forma de medalhamento por serviços lambidos à causa, conseguiu distinguir a foice e o martelo do facho ardente após curso doutrinário de longa duração.
Bia estava a vencer na vida, essa é que é essa, mas (há sempre um mas) quando tudo parecia um mar de rosas, no meio de uma passadeira vermelha outrora já lambida por si (pois naturalmente), havia de lá estar o cabrão de um prego espetado e afiado e a Bia, distraída como era, não reparou, coitada, e pisou-o. E fez sangue. Fez sangue no pezinho. Tirou a sandaloca e em fez de pedir ajuda médica e profissional junto de quem pode aconselhar sabiamente, digamos assim, não, foi-se a um degrau, arrumou as banhas para o lado, curvou-se toda quase a quebrar a espinha, e lá foi a puta da língua, maldito vício, lamber a sua ferida. Morreu.
Mas não foi uma morte qualquer, é que aquela língua tinha recolhido muito do pus que rebenta de inchaço ao longo das passadeiras. E morreu com a língua de fora, fazendo caretas à caricatura em que se transformou.
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
"pessoas e sítios"
Foto: blog "das duas, uma"
"Uma das grandes vantagens do cinema é que nos permite conhecer realidades, pessoas e sítios que, de outro modo, ficaríamos sempre a ignorar. Quando fiz o Jaime, por exemplo, passei meses na zona de Vale do Ave e tive ocasião de conhecer as famosas ‘ilhas’ do Porto, que nos dão a dimensão popular da cidade, cheia de vitalidade, que lembra as cidades do Mediterrâneo. Mas é sobretudo na fase de répérage (procura dos locais para filmar) que descobrimos décors inesperados e pessoas curiosas.Filmamos no Alentejo. O assistente fizera-me uma proposta que podia servir para casa da viúva de um vereador desaparecido em circunstâncias misteriosas. Descubro que se trata da casa de um escritor, António Manuel Revez, que, no primeiro dia, me oferece o último dos seus livros. São pequenas histórias, com uma capa sugestiva, que levam o título de uma delas: Se Não Comprarem, Mato-me! Aproveito para o folhear nessa noite. Descubro um escritor a sério, mas que não se leva a sério, como convém a quem usa o humor para esconder os sentimentos.
(...)
António Pedro Vasconcelos, realizador, acerca das filmagens do seu filme "Call Girl", da minha casa e do meu livrinho, no seu blog "das duas, uma" (http://sol.sapo.pt/Blogs/apedrovasconcelos/default.aspx)
domingo, 30 de setembro de 2007
FOTOS DA GRANDIOSA APRESENTAÇÃO!!!
A cara pateta do autor pateta.
O gajo de fato amaricado é o Hugo Lança, que ofereceu uma brilhante paródia ao livro e ao autor (ficou lixado pela ausência da Loira...), depois o gajo talibã que escreveu a merda do livro, e o grande Luís Graça, que leu magistralmente algumas crónicas.
.
E a todos os milhares de adeptos fervorosos da Loira que encheram aquela sala, muito obrigada. Eu não pude comparecer pelas razões que o imbecil do autor fez o favor de explicar.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
A LOIRA NO FESTIVAL DO AMOR!
A loira suicida e/ou o seu autor vão estar no grandioso FESTIVAL DO AMOR em Beja, dia 29, Sábado, na cafetaria do Teatro Pax Julia, por volta das 18h/18h30m (acto contínuo com o colóquio "Amor na rede, amor sem rede", coordenado por João Espinho, em cujo blogue podem também ler a uma grandiosa entrevista feita pelo editor do blogue à minha loiríssima pessoa).
Esta sessão de apresentação do grandioso livro SE NÃO COMPRAREM, MATO-ME!, conta com a grandiosa participação do editor (devidamente medicado), de um rapaz muito dedicado às causas de elevado valor cultural, chamado Hugo Lança, e de mais alguém contratado para ler/dramatizar algumas crónicas do livro. Ainda não sei se vai haver stripetize.
Está também previsto, caso não mude de ideias até lá ou não me apareça o período, que eu própria leia duas crónicas inéditas.
Mais se informa que nesta grandiosa cidade de Beja e arrabaldes, o livro está com uma grandiosa saída, tendo eu já sido informada por um rapaz de uma das 30 grandiosas livrarias de Beja que até ao Natal se conta atingir a meta de 3 exemplares vendidos.
O livro vai estar à venda com 20% de desconto mais a oferta do boletim municipal.
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Passatempo fotográfico-literário imperdível!
O blog "Praça da República em Beja" (http://pracadarepublica.weblog.com.pt/), cujo editor é o senhor que podem ver na foto a fotografar uma gaja nua (por acaso não era eu...), pôs em marcha o passatempo fotográfico "Onde é que deixei a merda do livro?", a partir de uma chaladice que eu iniciei no post anterior.
Podem consultar as regras e os fabulosos prémios no blog, aos quais eu ainda acrescento alguns minutos de confraternização "literária" em privado, só para os vencedores, durante o Festival do Amor, o maior acontecimento tragico-cocó-mico do ano em Beja!
Ah, e para os que anseiam sofregamente por mais crónicas da loira... bem, quando ela acabar a depilação, virá com novidades sedosas e bem perfumadas... ou não.
Joguem-se à coisa com pujança e força na... imaginação!
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